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Costumo ter um pouco de receio quando chego em um lugar desconhecido, antes de me ambientar e saber por onde eu posso passear tranquilamente. Nas grandes cidades me preocupo um pouco com os perigos urbanos, assaltos e violência. Tento sempre andar como moradora do lugar, sem chamar a atenção por ser turista. Já em cidades pequenas me sinto mais segura. Não gosto de deixar de fazer nada por medo, mas quando estou sozinha costumo ser bem precavida, não faço nada que me gere desconfiança. Se um lugar parece meio perigoso, procuro outros meios de transporte ou companhia. Se vou contratar uma empresa para alguma atividade mais radical, ou se me oferecem um negócio que parece meio duvidoso, prefiro pagar um pouco a mais e ter certeza que não vou correr nenhum risco.

O que para mim sempre gera um pouco de tensão é passar pelas fronteiras. Por mais que eu leve sempre os documentos certinhos, costumo ter a sensação de que algo pode dar errado. Esses lugares são carregados por uma atmosfera opressora, onde devemos apenas obedecer a ordens. Algumas vezes nós estamos corretos, mas alguém não faz o trabalho direito e a gente pode ter problemas. Em um aeroporto na Bolívia, um casal que seguia para o mesmo voo que eu foi impedido de embarcar porque seus passaportes não haviam sido carimbados na entrada do país. Eles alegaram que foi culpa do serviço de imigração boliviano, mas isso irritou os agentes, que defendiam seu país e repreendiam os gringos. Eles foram obrigados a pagar uma alta taxa e em meio à discussão alguns passageiros se solidarizaram e contribuíram com o valor necessário. Uma vez, quando eu ia do Brasil ao Uruguai de ônibus, também não tive meu passaporte carimbado na fronteira porque o motorista simplesmente não parou, já que eu era a única passageira. Eu poderia ter um sério problema na volta, mas tive sorte de não parar na imigração de novo. Outra vez, atravessando da Argentina para o Chile de ônibus, todos os passageiros tiveram que descer e ficar encostados em fila em uma parede. O policial veio com um cachorro, que foi cheirando um por um. Apesar de não levar nada, fiquei com medo dele invocar comigo. Depois tiraram todas as nossas malas do bagageiro e elas também foram examinadas. A situação toda foi muito opressiva, mas o cão não detectou nada e pudemos voltar para o ônibus e seguir viagem.

Polícia para mim não é sinônimo de proteção, inclusive em alguns países, como na Bolívia, dizem que os policiais não são muito confiáveis. Aqui no Brasil mesmo costumo me sentir mais segura longe deles. Em minha primeira viagem de ônibus pela Argentina, fui surpreendida quando fomos parados e um agente da gendarmeria (força de segurança) entrou no ônibus e foi direto até o fundo, onde eu estava. Ele pediu meu passaporte e então me perguntou qual era o número dele, mas eu não sabia decorado. Ele me pediu outro documento e eu tive que pegar debaixo da roupa junto com todos os meus pesos argentinos que eu tinha acabado de trocar para todo o tempo que eu ficaria no país. Eu passei bastante medo, achei que ele tinha alguma desconfiança porque veio direto em mim, e também me preocupei de ele ver todo o dinheiro e achar que eu estava fazendo algo ilegal ou me cobrar alguma propina. Depois eu fui percebendo que é muito comum a gendarmeria fazer essas vistorias em ônibus nas estradas, e que eles costumam começar pelos assentos do fundo.

Uma coisa que torna todas as situações mais tensas do que elas realmente são é a dificuldade com o idioma. As vezes não entendemos completamente o que está acontecendo ou não conseguimos nos comunicar. Acho que isso facilita muito a aplicação de golpes em turistas, que muitas vezes estão em uma situação mais vulnerável, em um lugar que não conhecem e acabam confiando em quem não deveriam. Quando alguém começa a querer saber demais da minha viagem ou fazer muitas perguntas, eu desconfio. Nem sempre falo que estou viajando sozinha ou quais são meus planos, pelo menos até entender as intenções do outro.

Um dos lugares que costumo achar mais perigoso, independentemente de onde estou, é a rodoviária, principalmente quando chego a um destino novo, ainda meio desnorteada. Normalmente cheia de gente e bagunçada, é onde você não pode se desatentar de seus pertences por nenhum momento. Ter as malas roubadas durante uma viagem pode representar muitos problemas, principalmente se você perder seus documentos. Por isso eu costumo andar com essas coisas essenciais em dobro, levo sempre um outro cartão de crédito, dinheiro reserva e cópia do RG ou passaporte em uma bolsinha sob a roupa.

Até hoje, nunca fui em algum lugar em que eu aconselharia as pessoas a não ir por questões de segurança. Todos os destinos têm as suas particularidades, às quais temos que nos adaptar. Em grandes cidades, talvez não seja indicado andar por certos lugares à noite. Já em ambientes de natureza, costumo me sentir mais segura, mas existe também o risco de ataque de animais selvagens. Em qualquer lugar que você estiver, um mínimo de precaução sempre ajuda. Ande com cópias dos seus documentos e com os contatos da polícia e bombeiros do local.


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