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A ideia da maratona veio lá em 2017. Depois de correr uma meia maratona parecia a sequência lógica. Viciada no assunto e cheia de vontade e empolgação descuidei dos meus limites. Tamanha era a fúria por me superar, ultrapassar e acelerar, que na competição comigo mesma eu sempre perdia. Joelhos e canelas machucados me deixaram parada por meses. Quando finalmente comecei a respeitar meu corpo, passei a aproveitar muito mais os momentos da corrida. Longe de fazer todos os treinos que deveria, cumpri o mínimo necessário para chegar à maratona. Esperei tanto por isso que no dia fiquei nervosa, mas o clima nublado chuvoso exatamente como eu tinha pedido me tranquilizou. A largada de uma corrida é sempre emocionante, aquele povo todo em passadas quase sincronizadas rumo ao mesmo objetivo, trocando olhares de apoio e se reconhecendo uns nos outros. A primeira metade da minha maratona foi só apreciação, eu estava muito feliz. Já nos próximos quilômetros comecei a sentir o cansaço e conforme me aproximava do máximo que eu já tinha corrido, sentia que ali chegaria à exaustão. Pois foi exatamente no km 32 que me faltou o ar. Controlei o desespero, engoli o choro, ignorei as dores, respirei fundo e me concentrei no objetivo. Quilômetro por quilômetro, uma vitória por vez. O incentivo dos outros corredores, do meu pai acompanhando de bike, dos torcedores gritando, elogiando, oferecendo água ou dando a mão, eram uma nova motivação. Mais um túnel, mais uma subida, mais um desafio, até que chegou no último. Vista de longe, a chegada já se tornava um sonho possível. Esgotei o restinho da energia curtindo os últimos metros. 42,195km. Eu sou maratonista.

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