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Eu fui voluntária nos jogos pan-americanos Lima 2019, no Peru. Já tinha tido a incrível experiência do trabalho voluntário nas olimpíadas e paralimpíadas do Rio e esse foi meu primeiro voluntariado em um evento esportivo fora do Brasil. Eu amei participar do Pan e certamente vou me inscrever para os próximos.

O esporte está muito presente na minha vida, sempre pratiquei várias modalidades e adoro acompanhar as competições. Ser voluntária é a maneira que eu encontrei de estar dentro desses eventos que reúnem os mais importantes esportistas do mundo.

Os processos de seleção começam bem antes. Então é preciso estar atento aos prazos de inscrição, geralmente no ano anterior aos eventos. Após me inscrever para ser voluntária nos jogos pan-americanos eu tive que passar por uma entrevista online. Foi bem tranquila e como eu já tinha outras experiências de voluntariado conversamos basicamente sobre isso. Podia escolher entre espanhol ou inglês, para a entrevista e depois para as aulas também. É indispensável saber falar a língua do local do evento ou inglês. As aulas foram todas online, com informações sobre a história dos jogos, os diversos esportes e o Peru, além de instruções de como proceder como voluntário em diferentes situações. Ao final de cada módulo era necessário fazer uma provinha para passar ao próximo.

Já em junho, no mês antes dos jogos, eu recebi minha convocação. Fui alocada para um lugar bem distante, fora de Lima e nada turístico. Pesquisei bem a região e pedi para trocar por um lugar mais central. Minha solicitação foi atendida e eu ainda pude ficar na Maratona, que é um esporte que eu pratico e adoro. Já tinha a viagem planejada, mas as passagens saíram caras por comprar tão em cima da hora só quando tive a confirmação das datas.

Arrumei uma hospedagem pertinho de onde iria trabalhar, pois meus horários começavam bem cedo e assim poderia chegar rapidinho a pé. Cheguei em Lima e no aeroporto já senti todo a

quele clima dos jogos. Tinha voluntários por todas as partes, equipes com uniformes de diversos países e a cidade toda estava enfeitada. Sem querer me encontrei com o caminho da tocha e pude conferir como o povo peruano estava animado e orgulhoso de receber o evento em seu país.

Os ingressos para a abertura já estavam esgotados a muito tempo, mas na última hora liberaram mais e pude comprar. Saí correndo para o estádio, peguei uma fila enorme e consegui entrar a tempo. Foi maravilhoso ver a conexão dos peruanos com sua cultura ancestral, manifesta em todas aquelas danças, encenações e roupas maravilhosas. O público estava muito empolgado e transformou a festa em uma grande celebração.

No dia seguinte eu fui trabalhar na maratona. Vesti o uniforme completo que eu recebi, com uma blusa bem quentinha de acordo com o frio de Lima. Logo conheci dois brasileiros, que me acolheram e explicaram o que eles já sabiam. Quase todos os voluntários eram peruanos e nós nos integramos super bem com eles.

Primeiro fiquei na equipe responsável pelos chips dos atletas. Era necessário ter muita atenção para que cada pessoa recebesse o seu e que prendesse direitinho no cadarço do tênis. Ajudamos os atletas e já pude observar como alguns estavam tranquilos e outros bem tensos. Depois fiquei na zona mista, cuidando para evitar que a imprensa entrasse na área dos atletas. Saber falar português, espanhol e inglês foi importante nessa função, pois podia me comunicar com toda a organização, os repórteres e esportistas.

O momento depois da chegada foi incrível. Os atletas tinham que passar por ali para dar entrevistas e eu pude observar o estado em que eles chegavam. Todos tinham dado o máximo de si e estavam exaustos e doloridos. Me lembrei muito de como foi quando eu corri a minha maratona e me identifiquei com eles. Seus depoimentos foram inspiradores, sobre superação, conquistas e fracassos.

Os ganhadores do masculino e do feminino foram peruanos. O público ficou em êxtase. Os dois eram bem humildes e foi emocionante vê-los com suas famílias celebrando a glória depois de tanto esforço. Até o presidente do Peru estava lá para entregar as medalhas e por isso houve toda uma operação especial, com muitos seguranças e cachorros.

O dia da marcha atlética foi bem diferente. Dessa vez fiquei na pista, na área de hidratação dos atletas. Organizamos as águas e esponjas molhadas para entregar para eles. O percurso tinha 1 km que devia ser percorrido por 20 vezes. O clima estava bem úmido e chuvoso e na competição feminina elas quase não precisaram se hidratar. Já os homens pegaram bastante água e esponjas. Foi muito legal ficar ali de pertinho, assistindo a competição toda e ainda ajudando os atletas. E no final ainda teve brasileiros nos dois pódios.

Além dos dias de trabalho, ainda aproveitei para conhecer outras instalações dos jogos. Usei os ônibus especiais que levavam a imprensa e seguiam por vias exclusivas. Passei pela vila dos atletas, assisti um ouro brasileiro na ginástica e conheci a área principal de competições. Adorei ver a comoção gerada pelos jogos e como a população estava envolvida. Como dizia o slogan do Pan de Lima, “jugamos todos”!


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