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Acho que todo brasileiro sonha em conhecer a neve. Alguns dos nossos países vizinhos oferecem a oportunidade de ver neve e ainda praticar alguns esportes de inverno.

Existem algumas estações de esqui práticas para brasileiros, como o Valle Nevado em Santiago. Eu escolhi o Cerro Catedral porque Bariloche é um lugar lindíssimo, com muitos outros atrativos e com sistema de transporte público bem acessível para ir à estação de esqui ou qualquer outro lugar. A temporada de esqui vai de julho a setembro, dependendo do nível de neve. O inverno atrai muita gente a Bariloche e a cidade fica lotada. O ingresso da estação de esqui, que dá direito a usar os teleféricos e pistas durante todo o dia, fica mais barato quanto mais longe do meio da temporada (quando provavelmente a neve vai estar melhor).

Para quem como eu não tem nem ideia de por onde começar, a primeira coisa é alugar roupas de esqui já na cidade. Jaqueta, calça e luvas impermeáveis são imprescindíveis. Você vai cair na neve infinitas vezes e se molhar muito. No alto da montanha faz bastante frio, é importante se vestir bem agasalhado, inclusive com gorro e cachecol para cobrir também a boca e o nariz. Você pode já ir pronto e pegar o ônibus junto com todos que também estão indo esquiar, inclusive alguns já carregam seus equipamentos. Lá tem toda a estrutura necessária, restaurantes, banheiros e lojas, que também oferecem armários para guardar suas coisas.

Chegando ao Cerro Catedral, o próximo passo é se dirigir a alguma escola de esqui. A maioria tem os preços padronizados, eu escolhi a La Base. Fazer pelo menos uma aula é necessário para aprender o básico, desde como colocar o esqui ou snowboard. Lá você também aluga o equipamento completo por dia. É indicado usar capacete e óculos de esqui. As aulas em grupo são mais baratas, como escolhi fazer snowboard acabei fazendo minha aula sozinha por falta de outros alunos. A verdade é que pra quem não tem nenhuma experiência o esqui é mais fácil para começar, mas eu quis me arriscar.

A prancha de snowboard é gigante e desajeitada, mal conseguia sair da escola carregando ela e andando já com aquelas botas pesadas. A aula foi em uma pista que fica na base da montanha. Ela é pequena, bem pouco íngreme e fica lotada. Na lateral tem uma esteira rolante para te levar para cima depois de cada descida. Meu professor conseguiu me ensinar um pouco de tudo, desde como ficar de pé até as mudanças de direção e freadas. Caí muitas vezes, mas a neve fofa quase não machuca. Depois disso já me senti um pouco confiante para me aventurar sozinha em outras pistas. Como era fim de temporada nem todas estavam abertas, por falta de neve.

Andando sozinho pelo cerro é preciso ter em conta que você é o único responsável pela sua segurança e deve saber seus limites. A montanha é selvagem e imprevisível. De repente começa a ventar forte ou a nevar muito e cada um precisa estar confortável e seguro para se locomover com seu próprio equipamento. O único meio de transporte entre as pistas é o teleférico e existe uma infinidade deles que vão se ligando uns nos outros e formando diversos caminhos. Quanto mais alto, mais extremas as condições. Só carregar a prancha já fica difícil. Ao chegar no topo da montanha quis descer na mesma hora pois senti que ali eu não conseguiria me preocupar com mais nada além de apenas sobreviver.

Na pista para iniciantes eu ficava descendo e subindo por vezes infindáveis, até o parque fechar. Não chegava a pegar muita velocidade, mas levei alguns tombos radicais. Na maioria das vezes apenas aterrissava na neve de bunda ou atropelava algumas pessoas. Em três dias consegui evoluir bastante, mas não o suficiente para abandonar as pistas mais fáceis.

Em compensação as criancinhas que não batiam nem na minha cintura davam um show. É interessante ver que para quem vive em contato com a neve existe uma cultura de prática desses esportes em família. Havia também algumas áreas para brincar na neve, onde as crianças montam seus bonecos de neve e escorregam de esquibunda.

Só passear nos teleféricos, subir no alto da montanha e curtir a neve já é um passeio incrível. Mesmo para quem não quiser se arriscar no esqui vale muito a pena. Eu mesma várias vezes usei os teleféricos só para conhecer outras partes da montanha e curtir a vista maravilhosa.

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