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Quando eu estava planejando ir para a Chapada dos Veadeiros, já decidi que eu queria fazer a Travessia das Sete Quedas, no Parque Nacional. É uma trilha de 23 km, com uma pernoite dentro do parque, e lendo alguns relatos vi que não parecia ser muito difícil. Como eu estava indo para ficar em camping, já estava levando barraca e saco de dormir e não precisava de muito mais do que isso.

Antes de ir fiz a reserva no site http://www.ecobooking.com.br/site3/destinoAtrativo.php?gHtY=w16sdl4duzcky5r2ekew e paguei a taxa de R$18,00. Para quem planeja fazer a travessia, é necessário se planejar para reservar e pagar com antecedência, antes de viajar. Esse atrativo do parque só fica aberto em época de seca.

Um dia antes da travessia, já em São Jorge, comecei a me preparar. Separei tudo que eu não ia levar e pedi para guardar no camping. Na minha mochila de 40L coloquei apenas uma troca de roupa, biquíni, toalha, casaco, saco de dormir, barraca, celular, câmera e comida. Como seriam só dois dias, pensei em comidas práticas, então comprei cenoura, maçã, banana, pão, goiabada, bolachas, salgadinho e amendoim, além de duas garrafas de 500mL de água.

No dia, acordei cedo e fui andando para o parque, cheguei um pouco antes de abrir, às 8h, mas uma moça já estava lá dentro e me deixou entrar. Eu preenchi uma ficha com alguns dados e saí para a caminhada.

Logo senti o peso da mochila. Por ser minha primeira travessia, eu não tinha nenhuma experiência de fazer trilha carregando peso, e foi bem diferente. O meu equilíbrio ficou alterado e eu tinha que prestar mais atenção nos movimentos para subir degraus ou ultrapassar obstáculos. Além disso, várias vezes a mochila enroscava em galhos. A caminhada ficou bem mais lenta e meus ombros começaram a doer um pouco. Nada que não fosse superado pela beleza da experiência.

Andei o caminho inteiro sozinha e foi uma conexão maravilhosa com o cerrado. Tantas paisagens e animais diferentes. A trilha não é difícil e logo cheguei nos cânions, onde aproveitei para encher minhas garrafas. O solzão forte me acompanhou pelo dia inteiro, combinado com o clima seco, me fazia parar toda hora para beber água. Descansei e comi um pouco ali e depois segui a caminhada.

Por todo o caminho, setas laranjas indicam a direção e é muito fácil segui-las sem se perder. Eu não vi nenhuma necessidade de ir acompanhada de guia. Em alguns trechos a trilha cruza pequenos leitos de rio secos, que podem ser confundidos com o caminho, nessas partes é necessário prestar bastante atenção.

Mais para frente cheguei ao Rio Preto, que cruza a trilha e precisa ser atravessado. As setas laranjas indicavam exatamente por onde se devia fazer a travessia. Eu tirei meus tênis e entrei na água, que não chegava ao meu joelho. O fundo de pedras era bem escorregadio e exigia cuidado. Na outra margem parei um pouco para curtir a paisagem maravilhosa e me abastecer de água.

No primeiro dia foram 17 km, foi um pouco cansativo, mas muito prazeroso e recompensador. Cheguei na área de acampamento às 14h e fiquei aliviada por ver que já tinha outras barracas ali. Montei a minha barraca rapidinho e segui para a cachoeira das sete quedas, que fica bem perto. A cachoeira é linda, mas o mais incrível é saber que você está no meio de uma floresta preservada. Aproveitei para nadar e curtir o pôr do sol, que foi muito lindo. E à noite, eu vi o céu mais estrelado da minha vida.

Alguns grupos chegaram no acampamento quando já estava de noite. Muita gente deixa para começar a trilha tarde, carrega muito peso ou resolve passar também nos outros atrativos do parque. Nada disso é recomendável, pois a trilha fica bem mais difícil no escuro.

Para evitar o excesso de peso, eu não levei colchão e minha noite foi bem desconfortável. Como não ficou muito frio eu aproveitei o casaco de travesseiro. Meu saco de dormir é para 0°C e foi bem suficiente. A área de acampamento é apenas uma área limpa e plana, sem nenhuma estrutura, obviamente. E lá perto tem um banheiro seco. O sinal do meu celular funcionou e eu aproveitei para mandar uma mensagem e tranquilizar a família.

No dia seguinte, acordei para ver o nascer do sol e aproveitei o rio e a cachoeira durante toda a manhã. Me senti muito bem e livre ali sozinha em meio a natureza. Deixei para voltar à tarde. Com a comida diminuindo, a mochila ficou bem mais leve. Foram 6 km de trilha, mas o começo é uma subida bem pesadinha. O fim é na estrada que liga Alto Paraíso a São Jorge. Fiquei no acostamento pedindo carona e logo consegui uma.

Foi uma experiência incrível, certamente a primeira de muitas travessias. Nada se compara a passar um tempo totalmente imerso na natureza.


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