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Todo brasileiro acha que fala portunhol. Minha avó me ensinou que era só enrolar a língua, mas percebi que não é bem assim. Com as viagens fui aprendendo bem o espanhol, mas sempre reconhecem que sou turista.

Viajei por 3 meses com uma mochila de 40l e não senti falta de nada.

Minha viagem mais longa de ônibus durou 35 horas, foi entre Puerto Madryn e Ushuaia, na Argentina.

Já peguei muito ônibus e metrô lotado com o mochilão, não recomendo. Já desci do ônibus na cidade errada em uma rua que tinha o mesmo nome de onde eu queria ir.

Conheci um senhor em um ônibus de viagem e ele me deu uma carona da rodoviária até o hostel. No dia seguinte ele ligou no hostel para saber se eu estava bem.

Fico impressionada com o tanto de gente desconhecida que me ajuda. Quando se é uma menina viajando sozinha parece que todos se sentem responsáveis por você ficar bem. O Brasil tem uma ótima imagem nos nossos países vizinhos, sempre gostam de saber que eu sou brasileira.

​Fiquei cara a cara com um puma no meio da mata em Torres del Paine, no Chile.

Quando vou pedir carona fico olhando se as pessoas do carro têm cara de gente boa, até hoje sempre deu certo.

Fui sorteada em um mercado na Argentina para não pagar nada pela minha compra.

Saí sem lanterna em Cabo Polônio no Uruguai, onde não tem eletricidade. Quando escureceu fiquei perdida sem enxergar nada e saí correndo de chinelo sem saber no que eu estava pisando até encontrar uma luz.

Passei por muitos perrengues para ir de van de Cusco a Machu Picchu. Peguei uma nevasca, a van quebrou, tive que fazer trilha de noite e ainda peguei um dia horrível na cidade perdida.

Fiquei presa em Santiago sem nenhum peso chileno porque a fronteira com a Argentina fechou e minha viagem foi cancelada. Liguei pra minha família usando a internet da Starbucks e fiquei chorando no meio da rodoviária.

Saí para viajar sem a carteira internacional de vacinação e fiquei desesperada porque ainda ia entrar na Bolívia. Meu pai me ajudou do Brasil e consegui pegar a segunda via na embaixada brasileira em Santiago.

Acampei sozinha no meio da mata na Chapada dos Veadeiros e quando anoiteceu fiquei morrendo de medo na escuridão total. Vi o céu mais estrelado da minha vida.

Ia subir o vulcão Villarica, em Pucon no Chile, mas ele entrou em erupção. Voltei em outra viagem e enquanto subia senti que estava correndo risco de vida real, mas foi exagero.

Estava andando por um lugar no Rio de Janeiro e ouvi a seguinte conversa: “O que essa menina está fazendo aqui sozinha?” “Tudo pra dar errado.” Não tinha percebido perigo nenhum, mas saí de lá voando.

Me oriento bem sozinha em trilhas, mas em algumas situações já segui pelo lugar errado no meio da mata e percebi que não estava mais no caminho. Fiquei com medo, mas não me desesperei e consegui encontrar as trilhas de novo.

Em uma noite no salar de Uyuni, eu e as pessoas que estavam no tour comigo fizemos uma festa na cozinha, ao redor do fogão à lenha, porque estava muito frio.

Desloquei meu ombro tirando a blusa em um barco no Equador, foi uma dor terrível, mas por sorte ele voltou ao lugar sozinho.

Machuquei meu tornozelo no segundo dia de uma viagem de um mês. Não diminuí o ritmo e depois de uns dias meu pé virou uma bola.

Fui esquecida por um tour na Bolívia.

Invadi uma área proibida para tirar foto na Chapada dos Veadeiros, fui expulsa, morri de vergonha e me arrependi muito.

Fiquei em um camping onde morava um cachorro que invocou comigo. Toda vez que eu passava ele corria para me atacar.

Já fui revistada em fronteira por cão farejador.

Desci numa parada na estrada no meio da viagem e achei que tinha perdido meu ônibus com minha mala dentro. Fiquei desesperada, mas ele só tinha ido abastecer.

Fiquei tão apertada para fazer xixi em um ônibus na Bolívia que tive que viajar de pé porque não conseguia nem sentar.

Me senti milionária na Argentina com o peso desvalorizado.

Meu celular atrasou uma hora sozinho porque houve uma mudança no horário de verão do Chile. Eu achava que era um horário, mas sempre estava uma hora atrasada. Por sorte outras pessoas tiveram o mesmo problema.

Já passei mal e vomitei algumas vezes, mas nunca tive nenhum problema sério nem usei meu seguro.

Meu maior pesadelo é acordar com barulho de chuva. Adoro todos os climas, mas chuva em viagem costuma atrapalhar bastante. Já fiz muita trilha com água e neve, mas acabo congelando toda encharcada.

Sou vegana e sempre consigo me virar para comer. O que eu mais encontro é hamburguer vegetariano e aprendi a comer abacate na comida salgada.

O lugar em que ouvi mais assédio nas ruas foi Santa Marta, na Colômbia.

O pior trânsito do continente foi o do Peru, duas vezes o veículo em que eu estava bateu em outro.

O maior calor que eu já passei foi em Cartagena, na Colômbia, e o maior frio foi nos Geysers del Tatio, no Atacama.

Os mochileiros que eu mais encontro pela América do Sul são franceses e a maioria deles sabe falar espanhol. Uma vez conheci uma família francesa e reencontrei eles por acaso em três cidades diferentes.

Sempre que encontro um brasileiro em outro país desembesto a falar português e viro melhor amiga imediatamente.

A maioria das pessoas no Paraguai sabe falar guarani e conheci algumas que não falam espanhol. Em muitos lugares do nosso continente ainda se preservam a cultura e a língua dos povos originários.

Os países sulamericanos têm em comum a resistência ao colonialismo. E se tem uma coisa que eu aprendi é que “as Malvinas são argentinas”, isso está escrito em todos os lugares possíveis.


Chorei de emoção quando eu cheguei em Machu Picchu, quando vi orcas e baleias jubartes, quando alcancei o topo do vulcão Villarica. Um dos momentos mais mágicos foi quando ia chegando no Cerro Catedral em Bariloche e a montanha nevada estava contornada por um arco-íris completo de ponta a ponta.


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