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A São Silvestre em São Paulo é simplesmente a maior corrida de rua do Brasil e era um sonho para mim. Por acontecer no último dia do ano, pode ser difícil conciliar a corrida com as viagens de férias, mas também é uma boa oportunidade para aproveitar o réveillon na cidade.

Eu decidi que ia correr no começo de outubro de 2016. Fiz a inscrição e passei a treinar duas vezes por semana no parque. Eu corria tranquila e costumava fazer 10 km em pouco menos de uma hora. Cheguei a correr os 15km por duas vezes e fiquei completamente acabada, mas senti que eu já estava preparada para a São Silvestre.

No dia da retirada do kit, já deu para sentir um gostinho do que seria participar daquele grande evento. Estava tudo muito organizado, uma estrutura enorme que incluía stands de marcas de materiais esportivos. Não parava de chegar gente, alguns corredores profissionais, vestindo seus uniformes, mas a maioria era gente como eu, corredores por lazer, empolgados para participar. Só de inscritos são mais de 30 mil pessoas, além de todos os que correm sem se inscrever.

No dia da corrida, acordei cedo, tomei o café da manhã como o de antes dos treinos e vesti o tênis de sempre. Fui para a Avenida Paulista de metrô, o meio de transporte mais indicado, pois as ruas ao redor ficam meio caóticas. O melhor é ir sem levar nada, mas a organização da corrida oferece o uso de guarda volumes para quem precisar. Quanto antes você chega, melhor vai conseguir se posicionar no setor de acordo com o seu tempo. Mas no final acaba ficando todo mundo misturado, porque é tanta gente que não tem como andar pela Paulista. A partir da largada, a multidão vai se dispersando, então é possível começar a caminhar.

Mais do que tudo, a São Silvestre é uma verdadeira festa. Muita gente vai fantasiada, levando cartazes e sem se preocupar com o tempo em que vai completar a prova. Logo na largada não dá nem para sair correndo, de tanta gente que tem. Embaixo do túnel que liga a Paulista à Rebouças, a multidão se concentra e o eco anima o pessoal a gritar e cantar. Quem assiste de cima aplaude e incentiva os corredores. O trajeto é muito bonito, além da Paulista, passa também pelo estádio do Pacaembu e pelo centro histórico de São Paulo.

Mas nem tudo é diversão, chega um momento em que a corrida fica dura. Alguns já começam a caminhar na primeira subida, outros fazem de tudo para não parar, cada um enfrentando seus próprios limites. O dia 31 de dezembro estava muito quente e o sol castigou os corredores. Para mim não foi muito diferente, pois eu costumava treinar por volta das 9h e estava acostumada a pegar sol, o que me desafiou bastante foram as subidas, mais especificamente a rua Brigadeiro. Como eu sempre corri só no plano, senti muita dificuldade para completar a subida, minhas pernas ficaram tão pesadas que cada passo era uma tarefa árdua. Nessa hora senti muita força do apoio da torcida, as pessoas liam meu nome no número de peito e me incentivavam. Eu não tinha nenhuma meta de tempo, mas queria completar a prova sem parar de correr.

A entrada na Paulista foi o melhor momento de todos, senti até uma energia extra e corri mais rápido até a chegada. Meu tempo foi 1h49, bem mais lento do que em um dia de treino, mas uma grande realização para mim. Foi a minha primeira corrida de rua e certamente me deu uma grande vontade para fazer muito mais, e principalmente para continuar praticando esse esporte que me faz tão bem.

À noite voltei para a Paulista para a virada do ano. Mais uma vez cheguei de metrô para encontrar uma nova multidão. O público é bem diferente, composto principalmente por jovens. O palco dos shows costuma ser montado próximo à rua Brigadeiro e para chegar próximo é necessário passar pela revista da segurança. Como eu gosto de ir para ver os fogos, fico mais perto da Rua da Consolação, onde se agrupam famílias e crianças. De lá não dá para ver o palco, então não fica tão cheio. Na hora da virada as pessoas festejam em seus grupos, estouram champanhes, se abraçam e cantam. O show de fogos é lindo e garante uma ótima entrada de ano.

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